12 de junho de 2017

O Diário de Anne Frank

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O Retrato da Menina por Trás do Mito

O depoimento da pequena Anne Frank, morta pelos nazistas após passar anos escondida no sótão de uma casa em Amsterdã, ainda hoje emociona milhões e leitores. Seu diário narra os sentimentos, os medos e as pequenas alegrias de uma menina judia que, como sua família, lutou em vão para sobreviver ao Holocausto.

Lançado em 1947, O Diário de Anne Frank se tornou um dos livros mais lidos no mundo. O relato tocante e impressionante das atrocidades e dos horrores cometidos contra os judeus faz deste livro um precioso documento e uma das obras mais importantes do século XX.



Palavras de uma leitora...


"Há uma necessidade destrutiva nas pessoas, a necessidade de demonstrar fúria, de assassinar e matar. E até que toda a humanidade, sem exceção, passe por uma metamorfose, as guerras continuarão a ser declaradas, e tudo o que foi cuidadosamente construído, cultivado e criado será cortado e destruído, só para começar outra vez!"

- Acho o trecho acima forte e bem realista. Se ainda existem guerras espalhadas por este mundo, se dia após dia pessoas são explodidas, famílias são separadas, gente passa fome, a culpa é de todos nós. Sem exceção. Por que reclamamos, nos comovemos e choramos se na realidade não movemos um dedo para mudar esta realidade? Enquanto nós não mudarmos o mundo não vai mudar. Pelo menos, não para melhor. 

Faz uma semana que venho tentando fazer esta resenha. Diversos foram os motivos que me impediram. Problemas com o computador, provas na faculdade, cansaço insuportável... mas a verdade é que eu poderia ter pego meus blocos de papel e feito a resenha, mesmo que aos pouquinhos ao longo dos dias. Mas eu não conseguia. Porque o motivo principal é que ainda não tinha forças para parar e falar do Diário de Anne Frank. Não conseguia sequer pensar em começar a escrever sem que as lágrimas enchessem meus olhos e sufocassem minha garganta. Existem livros que nos marcam. E existem aqueles que se tornam parte de nós. Este é um deles. E não é ficção. Anne existiu. Ela morreu aos quinze anos de idade, em fevereiro de 1945. 

"[...] Ninguém é poupado. Os doentes, os velhos, as crianças, os bebês e as mulheres grávidas - todos são forçados a marchar em direção à morte."

- Anne Frank ganhou vários presentes maravilhosos em seu aniversário de 13 anos, mas nenhum foi tão importante como seu diário. Ela estava junto quando ele foi comprado, porém não fazia ideia que seria um dos seus presentes. A partir daquele momento, se tornaram inseparáveis. Poderia deixar qualquer de suas coisas para trás, mas seus livros e seu diário, não. 

Sua família havia fugido da Alemanha em 1934 em busca de paz e recomeço, no momento em que o país tornou-se um lugar arriscado para os judeus por conta da força que as manifestações antissemitas ganhava. Encontraram refúgio em Amsterdã, quando ainda tinham esperanças que a guerra não fosse acontecer e que tudo logo fosse acabar e voltar a ser como antes. Naquela época, mal podiam imaginar tudo o que lhes aconteceria. 

"Eu poderia passar horas contando a você o sofrimento trazido pela guerra, mas só ficaria ainda mais infeliz. Só podemos esperar, com toda a calma possível, que ela acabe. Judeus e cristãos esperam, o mundo inteiro espera, e muitos esperam a morte."

- As coisas correram bem durante os seis primeiros anos. Anne e sua família levavam uma vida normal, feliz e, de certo modo, despreocupada. Mas em 1940 o tormento começou. A 2ª Guerra Mundial tivera início em 1939 e não demorou para que os alemães invadissem a Holanda, trazendo com eles diversas proibições para o povo judeu que ali se refugiava. Às vezes Anne tinha a sensação que até respirar era proibido, embora tivesse tentado se adaptar às mudanças que começaram a acontecer em seu mundo até então seguro. 

"Ando de cômodo em cômodo, subo e desço escadas e me sinto como um pássaro de asas cortadas, que fica se atirando contra as barras da gaiola. 'Me deixem sair para onde existem ar puro e risos!', grita uma voz dentro de mim." 

- Mas o pesadelo teve início em julho de 1942, quando sua irmã mais velha, Margot, que tinha apenas 16 anos, recebeu uma notificação do governo alemão, que dizia que ela deveria se mudar para um campo de trabalho. Sabemos o que isso significava. Temendo pela segurança de sua filha e de todos eles, a família Frank antecipou a ida para um esconderijo, que ficou conhecido pelo mundo como o Anexo Secreto, localizado na empresa em que o pai de Anne trabalhava. 

"A primeira coisa que agarrei foi este diário e, depois, rolinhos de cabelos, lenços, livros da escola, um pente e algumas cartas antigas. Preocupada com a ideia de ir para um esconderijo, juntei as coisas mais malucas na pasta, mas não me arrependo. Para mim, as lembranças são mais importantes do que os vestidos."

- Aquele foi o último dia normal da vida de Anne. Ela foi obrigada a dar adeus para a sua casa, seus amigos, a gatinha que amava e muitas de suas coisas. Carregou com ela poucos pertences e muitos sonhos. Não deixando para trás a esperança que aquilo fosse só uma fase, algo passageiro. Que um dia o mundo seria diferente e então ela poderia ser a escritora que sonhava em ser.

Durante os dois anos que foi obrigada a permanecer escondida no Anexo Secreto, Anne encontrou consolo em seu diário, seu único amigo, para quem contava seus maiores segredos e desejos. Onde desabafava quando estava triste, onde se atrevia a dizer o que era obrigada a calar diante dos outros. Através de Kitty, nome dado por ela ao diário, conhecemos a alma de uma menina que teve a vida cruelmente interrompida por pessoas que não deveriam ser chamadas de seres humanos. 

"Quem mais, além de mim, vai ler estas cartas? Com quem mais, além de mim, posso procurar conforto?"

- Anne era uma adolescente intensa. Cheia de emoções, perguntas, sonhos, desejos e coragem. Alguém que precisava sentir a vida, que queria ir além de onde diziam que ela poderia ir. Que queria conquistar seu próprio espaço, seu próprio mundo e se eternizar através das palavras. Ela amava os livros, observar as pessoas, estudar mitologia e árvores genealógicas. Era diversas Annes numa só e queria gritar para o mundo o que estava preso em seu interior, o que ninguém poderia entender. Sua personalidade apaixonada provocava diversos conflitos entre ela e sua família que se intensificaram durante o período que passaram escondidos. Por suas palavras, temos uma ideia de como ela se sentia sozinha e rejeitada, buscando alguém que conseguisse entender o que ela não conseguia explicar, alguém que simplesmente a abraçasse e dissesse: Não.Você não está errada. É um ser humano e possui o direito de viver. De ser o que quiser. E eu estou aqui com você, irei te ajudar. Não vou te deixar." 

"Chorar pode trazer alívio, desde que você não chore sozinha. Apesar de todas as minhas teorias e meus esforços, sinto falta - todo dia e toda hora - de uma mãe que me compreenda."

- O relacionamento entre Anne e sua mãe era bastante complicado antes mesmo de irem para o esconderijo. Sensível e inteligente, ela não era capaz de suportar a maneira como a mãe a via e tratava, as brincadeiras que apenas a magoavam, as ofensas que a feriam. Conforme prosseguimos na leitura, vemos que Anne mencionava a mãe várias vezes e quando ela ficou menos crítica em relação à mãe, eu senti algo que não sei se todos sentiram ao ler seu diário. Embora pareça que a diminuição das críticas à mãe seja consequência do passar dos anos e o amadurecimento dela, a sensação que tive foi que Anne começou a não se importar mais. Começou a se desligar da mãe que ela tanto desejou que a compreendesse e consolasse. E eu desejei com todas as minhas forças que aquela mulher tivesse acordado. Percebido a filha maravilhosa que tinha e que tanto precisava que ela fosse sua mãe nem que fosse por um único dia. Não uma figura autoritária que achava que ela devia calar seus sentimentos e pensamentos, mas sim alguém que a abraçasse e confortasse. Que fosse seu apoio. 

"Não importava o que acontecesse, não importava que eu me comportasse mal, vovó sempre me defendia. Você me amava, vovó, ou será que também não me entendia?"

- Está sendo muito difícil para mim fazer esta resenha. Não só porque Anne existiu e foi assassinada de maneira tão cruel por aqueles monstros dos infernos. Mas também porque me identifico muito com a Anne. Porque, em vários momentos, fiquei chocada com a semelhança de pensamentos e sentimentos. Os conflitos dela com a mãe me fizeram recordar os próprios problemas que tive com a minha mãe durante minha adolescência (e tenho até hoje). As brigas, as lágrimas... Lembro de uma ocasião, quando eu estava no início da adolescência, em que minha mãe me magoou tanto que chorei até já não ter forças para nada. E, enquanto chorava, eu escrevia. Tudo o que ela tinha me feito, tudo o que eu estava sentindo. Ela odiava quando eu fazia isso. Quando começava a escrever sobre nossas brigas. Ela queria gritar e eu preferia desabafar com o papel. Minha mãe sempre tentava fazer as pazes comigo depois, diferente da mãe de Anne, e tínhamos nossos períodos de "paz", mas as brigas sempre retornavam. Minha mãe e eu pensamos muito diferente, embora sejamos ambas intensas em nossos sentimentos. Isso gera conflitos até hoje, mas aprendemos a nos entender e perdoar. Não tenho dúvidas de que minha mãe me ama, que daria a vida por mim se fosse preciso. Ela se sacrificou muitas vezes por mim. Abriu mão de muitas coisas por minha vida e a amo mais que tudo. Mas... ela nunca irá aprender a ser diferente.rs Conforme os anos se passaram e amadureci, aprendi a aceitá-la e não levar tão a sério tudo o que ela às vezes me diz. Penso que Anne viveu algo muitíssimo semelhante com a mãe dela. Mas, diferente de mim, não teve a oportunidade de ver como o relacionamento delas melhoraria com o passar do tempo. Ela não teve essa chance. 

Também fica evidente no diário de Anne a ligação que ela tinha com a avó e como sentia a sua falta. Nem começarei a falar da minha avó senão não terminarei esta resenha. Não serei capaz. Poderiam se passar cem anos, mas eu nunca conseguiria esquecer minha avó. A levo comigo sempre. Em meus pensamentos, em meu coração. E já faz quase dezesseis anos que a perdi. Mas o amor não morre, gente. O tempo não é capaz de destruir o que sentimos. 

"Sou sentimental, sei disso. Sou dependente e boba, sei disso também."

- Anne sempre foi extremamente sincera em seu diário. Sobre o que sentia, sobre o que vivia no Anexo Secreto, até mesmo nas críticas que fazia a si mesma. Através de suas palavras, temos uma ideia de como foi sua vida ali dentro, conhecemos seus medos, sua angústia, os pesadelos que muitas vezes a atormentavam. E mesmo diante de tudo o que passava e do pavor que sentia de que fossem encontrados e levados para campos de concentração, ela nunca deixou de ter fé. De acreditar em Deus. De sonhar com um futuro. Mesmo quando estava triste, ela tentava estar bem. Não concordava com o pessimismo dos outros. Acreditava que valia a pena pensar positivo e nunca deixar de acreditar. 

"[...] Meu medo desapareceu. Olhei para o céu e confiei em Deus."

- Eu sei que Deus não é culpado. Sei que a maldade simplesmente existe e que as coisas ruins que acontecem são resultado da crueldade dos próprios seres humanos. Que são as pessoas que fazem mal umas às outras e não Deus. Mas como posso não me revoltar? Como posso não gritar para o céu perguntando por quê? Por que Deus não impediu que a Anne morresse? Por que não a protegeu se ela confiou tanto nEle, se entregou a vida dela em Suas Mãos? Eu sei que todos estamos sujeitos a tudo neste mundo, gente. Mas sou humana. Não consigo evitar me revoltar. Não consigo não suplicar a Deus por respostas e por auxílio. Sempre irei implorar a Ele que socorra essas pessoas esquecidas pelo mundo no meio de guerras de diferentes tipos. Só queria que Deus não permitisse que coisas assim acontecessem. 

"Algum dia essa guerra terrível vai terminar. Chegará a hora em que seremos gente de novo, e não somente judeus!  Quem fez isso contra nós? Quem nos separou de todo o resto? Quem nos colocou neste sofrimento? Foi Deus que nos fez do jeito que somos, mas também é Deus que irá nos erguer no fim."

- Ao longo de seu diário, Anne fala sobre diversos assuntos. Seus amigos, a saudade que sente de alguns, o quanto se preocupava com uma amiga em especial que não conseguiu salvar... Fala sobre seu dia a dia, as invasões que a empresa onde ficava o Anexo Secreto sofreu. O pesadelo que teve em que era separada dos pais e levada para um campo de concentração. Fala sobre seus sentimentos, os livros que lia, o que estudava... as mudanças que foram acontecendo conforme ela crescia. Fala de assuntos que com certeza não ousaria desabafar com ninguém e que tenho minhas dúvidas se deveriam ou não fazer parte da versão publicada do diário. 

O diário de Anne foi publicado após sua morte, quando seu pai, único sobrevivente da família, lutou para que pelo menos o sonho da filha de ser eternizada pelas palavras se realizasse. Ela queria escrever, sonhava em ser escritora. Otto Frank fez todo o possível para que o mundo conhecesse o diário dela. Mas o diário possui três versões (o que é explicado no prefácio deste livro). Na edição definitiva, que é a que li, preparada por Otto Frank e a escritora Mirjam Pressler, estão publicadas partes antes omitidas. Ou seja, é uma publicação quase integral do diário da Anne (é necessário ler o prefácio do livro para entender por que eu disse "quase" integral), o que faz com que ele conte com passagens muito íntimas, que talvez ela não quisesse que fossem publicadas, na minha opinião. 

"O mundo virou de cabeça para baixo. As pessoas mais decentes são mandadas para campos de concentração, prisões e solitárias, enquanto os mais baixos dos mais baixos governam jovens e velhos, ricos e pobres."

- Pelas palavras de Anne, também tomamos conhecimento de algumas pessoas que eles perderam durante aquele período. Quando a família de Anne foi para o Anexo Secreto, uma outra família os acompanhou e, mais tarde, eles também esconderam uma outra pessoa. No total, oito pessoas viveram naquele esconderijo por dois anos, contando com a ajuda de duas secretárias da empresa e do chefe do pai de Anne, além de outras poucas pessoas que sabiam que eles estavam ali. Através dessas pessoas, Anne e os outros recebiam notícias do mundo exterior, de amigos que eram presos, torturados, que desapareciam ou eram mortos. De holandeses que também eram condenados por esconderem judeus. E era impossível não sentir medo. Não imaginar quando chegaria a vez deles...

"Um dia rimos do lado cômico da vida no esconderijo, e no dia seguinte (e há muitos dias assim) estamos apavorados, e o medo, a tensão e o desespero podem ser lidos em nossos rostos."

- Conforme o diário se aproxima do seu final abrupto, novas mudanças podem ser percebidas em nossa pequena Anne e sua família. O desespero que ela tentou afastar ao longo de muitas páginas, se faz mais e mais evidente, sobretudo depois que recebem a notícia que a polícia invadiu um esconderijo de judeus e levou os que se escondiam e quem os ajudava. Anne vai ficando cada vez mais angustiada e não consigo evitar a dor terrível que suas palavras me provocam. Dá para sentir o que ela sentia. Dá para imaginar seu medo e isso é insuportável.

"[...] Que chegue o fim, mesmo sendo cruel; pelo menos saberemos se vamos ser vencedores ou vencidos."

- Este livro tem grandes chances de ser o mais marcante do ano. Passei uma semana inteira sem conseguir ler um livro novo, sem decidir o que leria a seguir. Em cada momento eu me pegava lembrando da Anne, da família dela e pensando em tantas outras vidas que foram arrancadas durante aquela maldita guerra. E quantas ainda seguem sendo destruídas nos dias de hoje. Vivi algo semelhante ao ler "A Menina que Roubava Livros". Só que o diário da Anne é ainda mais doloroso porque é real. Porque são os pensamentos e as palavras de uma menina que tinha toda uma vida pela frente, que tinha fé, sonhos, que tinha o direito de viver, mas teve tudo roubado, incluindo a sua vida. 

"Aqueles terríveis alemães nos oprimiram e ameaçaram durante tanto tempo que a ideia de amigos e de salvação significa tudo para nós! Agora não são apenas os judeus, mas a Holanda e toda a Europa ocupada. Talvez, como diz Margot, eu até mesmo possa voltar para a escola em setembro ou outubro."

- É impossível não admirar a menina incrível que a Anne foi. Alguém que teria feito conquistas impressionantes se tivesse tido a oportunidade. Embora eu tenha me identificado com ela, encontrado muitas semelhanças entre nós duas (talvez por que, em nossa essência, nós seres humanos sejamos mais parecidos do que imaginamos), a Anne era muito diferente de mim em vários aspectos. Era muito inteligente, irônica e realista com tão pouca idade. Questionava diversas coisas, tinha opinião formada sobre os mais variados assuntos mesmo que os "adultos" preferissem que ela ficasse calada e é fascinante ler o que ela escrevia, sobre o que pensava. Há um momento, quase no final do diário, em que ela começa a refletir sobre a falta de importância que as pessoas em geral davam às mulheres. E, aos 15 anos de idade, ela queria entender aquilo. Ir além das respostas prontas que todos davam. Queria chegar ao fundo da questão. Depois de fazer um desabafo sobre a revolta que algo que leu lhe provocou, Anne continua, dizendo o seguinte:

"Não quero sugerir que as mulheres devam parar de ter filhos; pelo contrário, a natureza lhes deu essa tarefa, e é assim que deve ser. O que condeno é nosso sistema de valores e os homens que não reconhecem como é grande, difícil, mas lindo, o papel da mulher na sociedade."

- Eu li todo o diário de Anne, menos o último dia, menos a última anotação que ela fez no diário. Eu não conseguia, gente. Somente hoje, por causa da resenha, li a anotação final. 

O diário de Anne termina em 1º de agosto de 1944. As páginas foram encontradas caídas, espalhadas pelo chão depois que ela e todos os outros moradores do Anexo Secreto foram delatados e entregues aos nazistas. Não se sabe ao certo se Anne morreu em final de fevereiro ou início de março de 1945 (embora se acredite que foi em fevereiro). O que sim se sabe é que ela foi mais uma dos milhões de pessoas mortas na 2ª Guerra Mundial. 

As páginas de seu diário foram encontradas pelas duas secretárias que trabalhavam na empresa e ajudavam a esconder os moradores do Anexo Secreto. O único sobrevivente, entre os oito judeus que estavam escondidos ali, foi Otto Frank, pai de Anne. 

- Uma noite, depois de ler algumas páginas do diário da Anne, eu deitei, mas não consegui dormir. Levantei de novo e fui pesquisar sobre a história dela. Li muitas coisas... informações que não estão presentes neste livro. Coisas muito dolorosas de pessoas que testemunharam os momentos finais da Anne. 

- Espero que ninguém ache que eu dei algum spoiler aqui. Não é um livro de ficção, gente. Eu já conhecia a história dela muito antes de ler o livro. Sabia quem ela era, o que lhe aconteceu, sabia que seu pai era o único sobrevivente da família. Porque isso faz parte da História. Quem já leu sobre a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto dos judeus já esbarrou na história da família Frank. 

É possível dar spoiler sobre a História? Eu sinceramente acho que não. Por isso, não considero spoilers as informações que dei nesta resenha. 

"Para mim, é praticamente impossível construir a vida sobre um alicerce de caos, sofrimento e morte. Vejo o mundo ser transformado aos poucos numa selva, ouço o trovão que se aproxima e que, um dia, irá nos destruir também, sinto o sofrimento de milhões. E, mesmo assim, quando olho para o céu, sinto de algum modo que tudo mudará para melhor, que a crueldade também terminará, que a paz e a tranquilidade voltarão."

- O diário da Anne me nocauteou. Nunca serei capaz de esquecê-lo e, sobretudo, de esquecer essa menina tão cheia de vida, de sentimentos, de esperanças e sonhos. Acreditar que Hitler e todos que colaboraram com ele estão queimando no inferno não é consolo algum. Porque, ainda assim, Anne foi morta. A morte de Hitler não devolveu a vida dela. E de nenhuma das vítimas dele. Eu queria que ele tivesse sofrido os tormentos do inferno em vida antes dele finalmente morrer. Queria que ele tivesse sofrido muito durante vários anos. Que sentisse na pele o que fez àqueles milhões e milhões de pessoas. Que ele jamais descanse em paz, pois não merece qualquer paz!!! Acham que estou sendo dura demais, que uma boa pessoa deve perdoar a todos? Simplesmente é impossível para mim desejar algo de bom para um monstro que assassinou milhões de seres humanos. 

"Dá para chorar ao pensar no sofrimento das pessoas das quais a gente gosta; na verdade, daria para chorar o dia inteiro. O máximo que a gente pode fazer é rezar para que Deus faça um milagre e salve pelo menos alguns deles. E espero estar rezando bastante!"

Descanse em paz, Anne! Descanse em paz, Estrelinha! Espero que aí no céu você tenha feito as pazes com sua família. Que tenha reencontrado os seus amigos que também se foram. Que esteja feliz. A 2ª Guerra Mundial acabou, mas, infelizmente, ainda existem guerras acontecendo em diversos países. Como você bem previa que aconteceria. Porque a metamorfose não aconteceu nos seres humanos. Ainda não. Mas, como você, quero ter fé. Acreditar que um dia este mundo será melhor.

Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino e Felipe (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

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