2 de abril de 2015

Me Llaman Artemio Furia - Florencia Bonelli

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Buenos Aires, 1810

Artémio Fúria não é um homem comum. É um gaúcho cujo nome se pronuncia com respeito e temor em todas as esferas da sociedade. Entre 1806 e 1807, seus centauros e ele serviram nos exércitos de Juan José de Pueyrredón para expulsar os ingleses. Sua influência entre os paisanos é decisiva. Quando iniciam-se os preparativos para a Revolução de Maio de 1810, a facção patriota, que deseja a independência do Rio da Prata, o convoca para lutar pela liberdade. Contar com os homens do gaúcho Fúria pode significar a vitória. 

Em meio às intrigas políticas que podem acabar com sua vida, o passado sombrio e trágico de Artémio Fúria se faz presente. Ainda que desejasse esquecê-lo, a honra o obriga a buscar vingança. Nessa outra batalha, Artémio Fúria poderá perder algo mais que sua vida... 



Palavras de uma leitora... 


"- Quero arrancá-la dos meus pensamentos. Quero que seu nome não se repita em minha mente. Quero que desapareça. Quero esquecê-la. Está me enlouquecendo - sua voz rouca perdeu firmeza - Depois de tantos anos, ainda me enlouquece."


Um amor que nem a morte seria capaz de destruir. Muito menos o ódio e a vingança...

Junho de 1790. De pé, meio escondido, o menino observava enquanto seus pais eram assassinados e sua irmã era levada embora por seus assassinos. As lágrimas escorriam silenciosas por seu rosto, enquanto ele tentava compreender o que se passava. Por mais que soubesse que seus pais estavam mortos, seguia num estupor, querendo acreditar que tudo não passava de um pesadelo. Lhe doía não poder salvá-los. Lhe angustiada saber que a partir daquele momento estaria sozinho, que seus pais jamais voltariam a colocá-lo na cama e ensinar-lhe coisas novas. Sua mãe já não iria mais sorrir para ele... nunca mais sentiria o seu abraço ou poderia buscar refúgio neles. Estava só. Sua família havia partido para sempre. 

Ele estava junto aos corpos dos pais quando um padre o encontrou e salvou sua vida. Ao lado daquele homem, voltou a se sentir querido e através dele conheceu seu melhor amigo. Mas o passar dos anos e o lugar que encontrou junto à família de seu amigo não foram suficientes para preencher o vazio. E nem diminuir seu desejo por vingança. Um dia derramaria o sangue daqueles que destruíram a sua vida. E só então poderia encontrar a paz. Não antes. E nada no mundo poderia fazê-lo desistir de sua vingança... Absolutamente nada...

"[...] Porque você me livra do frio da morte. Porque se a olho, aquelas imagens aberrantes que me atormentaram dia a dia durante vinte anos se desvanecem. Porque se seus olhos verdes e bondosos me contemplam com amor, então, minha vida cobra sentido."

- Nada... nem sequer sua Rafaela das Flores? Nem mesmo ela seria capaz de fazê-lo abrir mão do ódio e da vingança que o mantiveram vivo durante todos aqueles anos? Na vida... Artemio terá que aprender que não se pode ter as duas coisas... Se quisesse ter ao seu lado a única mulher que conseguira invadir um coração que ele já nem sabia que possuía... teria que abrir mão de algo. Porque a vingança... pode ter um gosto muito amargo e... lhe roubar o que lhe é mais precioso...

Ela apareceu em sua vida suave e bruscamente. Era o sol e a tempestade. Aquela que o tranquilizava, mas também mexia com todas as suas emoções. Apesar dos anos, ele ainda era capaz de recordar a primeira vez que a viu e a ânsia que sentiu por saber mais dela... por segui-la, por entrar em sua vida e se tornar o dono do seu coração. Não pôde tirá-la da cabeça e quando a oportunidade de trabalhar em sua propriedade, ajudando-a pôr em ordem o caos que reinava no lugar, apareceu, ele nem sequer hesitou. Iria estar perto dela e ao menos isso lhe bastaria... por um tempo. 

" - Você, Rafaela, é a única que não me faz perder por completo a fé neste mundo. Por você seria capaz de viver outra vez tudo o que vivi. Por você, Rafaela. Só por você, minha Rafaela. 

- E eu, por você, senhor Fúria, daria minha vida. Te amo, senhor Fúria, como jamais amei ninguém. Como nunca amarei ninguém. Eu sei. Sei que você está gravado a fogo em meu coração e que já ninguém será capaz de arrancá-lo dali. 

- Que ninguém me arranque de seu coração - suplicou ele, com feroz ansiedade - Que ninguém se atreva a arrancar-me de seu coração."

- A história começa no ano de 1790, e nos leva a conhecer a infância traumática do nosso mocinho. A morte dos pais, o sofrimento e vazio que tomou conta dos seus dias, a dor e as cenas que ele jamais conseguiria esquecer. Que tempo algum seria capaz de apagar. E aí, a história dá um salto de 30 anos, nos levando à Irlanda de 1820 e nos fazendo conhecer um Artémio diferente, que convive com as lembranças de uma mulher que ele amou e com a qual viveu uma linda e trágica história de amor nove anos antes. 

"Que bem há em viver sem você?"

Prestes a anunciar seu noivado com Elisabetta, uma mulher maravilhosa, mas pela qual ele sentia apenas afeto e que sabia que jamais viria a amar... as imagens de Rafaela inundavam sua mente com ainda mais intensidade. Ela foi sua vida. E sem ela... ele não era mais nada. Por mais que respirasse, sabia que sua vida havia se perdido no dia em que Rafaela morreu, vítima de um ataque cruel. Durante muito tempo Artémio desejara morrer e era um desejo do qual ele ainda não se livrara... Que sentido tinha a vida se ela já não estava? Ela o salvou. De todas as formas possíveis. Cicatrizou um coração que doía a cada batida, um coração que sangrava pela dor que a vida lhe causara... por toda injustiça... pelas lembranças de sua família destruída. Ela o reconciliara com Deus e com o mundo... e então foi embora. Provocando uma ferida ainda mais profunda do que a anterior, fazendo com que o simples ato de respirar fosse um tormento. 

"Sua mente e seu coração se encontravam num solitário confinamento, que o protegia das perguntas - dos outros e dele -, que o protegia da sinceridade, que o resguardava de admitir que havia morrido nove anos atrás no Rio da Prata, porque ainda que conversasse com amigos e familiares, ainda que atendesse seus negócios, comesse e bebesse, tivesse sexo e ainda risse, tudo isso ele fazia com uma alma morta, fria e inerte."

- Sabia que tinha que seguir em frente... esquecê-la. Muitos anos tinham se passado e era hora de voltar a pensar em construir uma família, mas o simples fato de pensar nisso trazia de volta toda a dor. Como ele poderia viver sem seu coração? Como seguiria em frente com alguém que não fosse ela? 

"Não me esqueça, senhor Fúria. Por favor, não me esqueça."

- Em meio ao seu noivado e às lembranças ainda mais intensas de Rafaela, surge para Artémio a oportunidade de voltar a Buenos Aires... ir de encontro mais uma vez com os seus fantasmas, com tudo de bom e ruim que ele tinha vivido naquele lugar. Ela estava ali. Sua Rafaela. Suas lembranças... os lugares pelos quais eles tinham passado, cada local em que se amaram, em que prometeram que estariam sempre juntos. Ali também estava o seu corpo... e o seu assassino. Sim. Era hora de voltar... Por ela

"[...] Pensei que morria quando não a encontrei. Acreditei que você tinha ido embora. 

- Ir embora? Sem você, senhor Fúria? Eu já não poderia viver sem você."

- Elisabetta o amava... Tudo nele. Seu sorriso, seu corpo, seu caráter, o carinho com o qual ele tratava as crianças e os animais, a forma como ele se importava com aqueles aos quais todos ignoravam... mas se sentia impotente diante da distância que havia entre os dois. Era como se houvesse uma barreira, algo que o impedisse de se entregar por completo a ela. E Elisabetta queria saber... O que havia no passado do homem que em breve seria seu marido? Quem era Rafaela e por que ele sonhara com ela? É através de uma conversa entre Elisabetta e o melhor amigo do Artémio que somos levados mais uma vez ao passado... Ao ano de 1810. Para conhecermos uma história. Para conhecer a história de um amor que sobreviveu ao mais duro passado, à vingança, ao ódio, ao inferno no qual Artémio e Rafaela foram lançados. Um amor que reconstruiu não só a vida de Artémio, mas também a vida de sua Rafaela. Que os salvou, que os fez perceber que existia um sentido neste mundo... um motivo para existirem. Para terem sobrevivido quando tudo estava contra eles. Conheceremos a história de um amor que nos marcará por toda a vida. Que jamais sairá de nossa mente e... coração. 

"Esqueça-a. Deixe-a ir. 'Só mais uma vez', prometeu a si mesmo. 'Quero vê-la uma vez mais. Depois, a deixarei ir."

Será que tudo realmente se perdeu? Será que uma história de amor como a que eles viveram pode terminar como terminou? De uma maneira tão cruel, destruindo mais uma vez alguém que já tinha sido tão golpeado pela vida? Será que já não bastava ver a morte dos pais, observar enquanto eles gritavam e nada poder fazer? Será que não era suficiente ver sua irmã ser levada por aqueles homens e durante toda uma vida não saber o que acontecera com ela, sequer saber se ela estava viva ou morta? A vida realmente a tinha levado? Sua Rafaela estava realmente morta? Ou a esperança que ele escondia dentro de si fazia sentido? De volta a Buenos Aires... muita coisa pode acontecer... Às vezes o passado não pode ser enterrado. Muito menos se dentro dele está uma história de amor que terminou da maneira errada... 

"- Rafaela. Minha Rafaela. Não me deixe. Pelo amor de Deus, não me deixe."

- Bem... Por onde começar? Apenas pensar na Rafaela e no Artémio já me faz chorar. Não consigo. Simplesmente não consigo evitar a emoção. São tantas coisas que eu gostaria de dizer, de desabafar... tantos sentimentos... e me encontro sem palavras. Não sei como expressar o que sinto por eles. Creio que não exista sequer uma palavra que possa explicar como eles mexeram comigo, como invadiram minha vida e e construíram um espaço só deles em meu coração. Eu sabia que iria amá-los. Por mais que tenha fugido dessa história por anos, sempre soube que no dia em que me permitisse conhecê-la seria cativada de uma maneira inexplicável, incondicional. Mas nunca imaginei que seria tanto... nunca passou pela minha cabeça que esse casal conseguiria tocar meu coração de uma maneira tão linda e dolorosa ao mesmo tempo. Chorar não diminui a dor que ainda sinto. Sabe quando você ama tanto uma história que chega a doer? Sabe quando um livro mexe tanto com as suas emoções que te leva ao céu e ao inferno? Esta história faz exatamente isso com a gente. Não dá para ficar indiferente. Não dá para escapar. 

" - Te amo, senhorita Rafaela. Te amo com todo o meu coração, com toda alma. Para sempre, ouviu? Para sempre."

- Quem é Artémio Fúria para mim? Alguém que a vida não conseguiu destruir. Uma pessoa que passou por um inferno que eu sequer sou capaz de imaginar...  que sofreu o que ninguém merecia sofrer... Que mesmo tendo todos os motivos para desistir e para ser alguém cruel, amargo, incapaz de sentir compaixão por qualquer pessoa, escolheu ser alguém diferente. Não abriu mão de sua alma. Os homens que mataram seus pais e levaram sua irmã não puderam destruir sua essência. Artémio para mim é um homem que sabe ser implacável com seus inimigos, mas também sorrir e consolar uma criança. Alguém que mataria sem hesitar qualquer um que entrasse em seu caminho e testasse o seu temperamento (não era chamado de Artémio "Fúria" à toa), mas era também o homem que salvou um animal selvagem e fez dele o seu amigo. Alguém que deixava a máscara cair sempre que se via diante de uma criança ou animal. Que era capaz de ajudar, sem esperar nada em troca, aqueles que ninguém ajudava. Mas sobretudo é o homem que entregou seu coração, ainda que ferido, para a Rafaela e permitiu que ela o curasse, que derrubasse suas defesas e fizesse parte de sua vida. Era alguém que não se julgava capaz de amar, mas que amava a Rafaela de uma maneira intensa, possessiva, terna, apaixonante, incondicional... com toda a sua alma. Ele a tornou o centro da sua vida... a tornou, na verdade, sua própria vida. Vivia e respirava por ela. E cada vez que eles estavam juntos, mesmo trocando um simples olhar, eu sentia uma emoção muito forte. O que existiu entre eles foi verdadeiro, forte, inesquecível. E nunca poderia ser destruído. Nem mesmo pela morte. 

"- Shhh. Não chore, meu amor. Não chore. Estou aqui para você e jamais voltarei a sair do seu lado."

- Rafaela havia sido feita sob medida para o nosso mocinho. Não existiria no mundo alguém tão perfeito para ele como ela. Antes de se conhecerem estavam incompletos porque era o destino deles se conhecerem... se amarem. Eles tinham sido feitos um para o outro e nem mesmo um segredo terrível, com um grande poder de destruição seria capaz de separá-los. Nada. Nem o tempo ou qualquer outra coisa. Logo que conheci a Rafaela, percebi que iria gostar muito dela, que acabaria adotando-a e querendo protegê-la de tudo. Uma mocinha que me lembrou uma outra mocinha maravilhosa que tive a oportunidade de conhecer. Mas ao longo da história, ela me mostrou que deveria ser querida por si mesma, que era muito mais do que eu imaginava que ela fosse. Uma jovem guerreira, humana, que não enxergava a bondade, a força e a coragem que possuía dentro dela. Alguém que durante toda a vida viveu sob a autoridade do pai, temendo até mesmo abrir a boca para dizer o que realmente sentia ou pensava, com medo de decepcioná-lo. Mas que lutou com unhas e dentes pela vida de uma criança inocente, que fazia parte de sua família, mas que eles queriam abandonar para esconder seus pecados. E que rejeitaram por não ter nascido perfeita. Ao amar essa criança, ao lutar por ela, Rafaela nos mostrou qualidades que ela não era capaz de enxergar. E o mesmo se passa quando ela conhece o Artémio. Quando amava... ela se entregava por inteiro. E era capaz de qualquer coisa para defender esse amor. Era jamais desistiu dele, nem mesmo quando ele fez em pedaços seu coração. Ela sempre acreditou. Sempre confiou no seu Artémio Fúria, no único homem ao qual havia pertencido e sempre pertenceria. Artémio não era o único cujo amor era sem limites, sem regras e arrebatador como poucos... Rafaela amava do mesmo jeito. E é impossível não amá-la. Ela não era perfeita, assim como ele também nunca foi. Eram duas pessoas humanas, que descobriram juntas o amor. Duas pessoas que se amavam com loucura e que não eram capazes de viver sem o outro. Respirar... não significa viver. 

"- Promete-me que morreremos juntos.
- Eu prometo."

- Não consigo falar mais nada. Na verdade, chego a me surpreender por ter conseguido escrever o pouco que escrevi. Sei que não é suficiente. Sei que minhas palavras não são dignas desta história. Que o Artémio e a Rafaela merecem muito mais. Só que por mais que escrevesse, seguiria não sendo suficiente. O que sinto por eles não pode ser colocado em palavras. É impossível. Só posso dizer que amo esse casal. Com todo o meu coração, com toda minha alma. E que não importa quantos anos se passem e quantas histórias eu venha a conhecer, nunca, nunca mesmo, poderei esquecê-los. 

"Se quer saber a minha identidade, pensa em mim como o homem da Rafaela das Flores. Esse sou eu, porque sem você, Rafaela, não sou nada."

Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino e Felipe (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

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